terça-feira, 30 de maio de 2017

Ode ao que come seus filhos

Hoje o Tempo surrou-me violentamente... 
E fez isto regido pelo deslizar suave da ponta dos dedos, 
naquela bola de cristal moderna, do homem pós-Verdade, do homem pós-Deus.
Deslizando suavemente no quadrilátero mágico, vi verdades não tão suaves
e fatos talvez nada mágicos, senão naturais.
É como estar sempre atrasado...
É como querer / desejar e já não poder mais; porque o mundo é um deixar de ser.
Porque o querido e o desejado já não é.
Porque o mundo é um vir à ser.
As transformações do Mundo acontecem tão abrupta e fatalmente rápidas,
e a cada instante.
Que não dá tempo de ver nada, não dá tempo de pegar nada.
Por tais razões, bom seria se pudéssemos tirar uma foto;
não de nós mesmos, mas do Mundo.
Sim, pois pra vermos talvez o que perdemos, pra quem sabe a foto contivesse
em si mesma o porquê perdemos.
Mas para tal empreitada filosófica...
A foto é inútil !!!
Porque ela é sempre sobre um mundo que já foi, que já não é.
Um mundo que sendo hoje visto, não sendo de hoje,
só pode existir em nossas mentes e portanto um mundo imaginário.
A foto é só uma expressão do nosso desejo intimo de congelar,
um Mundo que nunca se congela.
Mas as palavras não são assim também ?
Não dão conta das transformações do mundo... 
Só traduzem o desejo e a vontade de parar um mundo condenado ao movimento.
Então o poeta se cala.

1 comentários:

Velho e Ferido Lobo Solitário disse...

Se os poetas se calarem... As pedras clamarão

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